domingo, 8 de agosto de 2010

Casa grande e Senzala



Espaço senhorial, das artes, da mobília colonial, da estrutura arquiteônica e, possivelmente, da estrutura político-econômica do Brasil atual, a Casa grande, moradia do senhorio no Brasil colonial ia em total discrepância com a Senzala, local de apartação, escravidão, serviçalismo, violência e tribalismo.
Desde a época canavieira, ou até muito antes disso, a elite instaurou um certo preconceito por sobre seus inferiores, tanto índios como escravos negros vindos da África.
Os famosos "escravos vermelhos", "negros do Brasil", "silvícolas ", "selvagens", "bugres", ou melhor, índios, desde a chegada dos portugueses na terra prometida, foram totalmente desrespeitados enquanto homens. Fizeram parte da escravidão vermelha, onde o índio não era vendido, não era comprado, mas era obrigado a trabalhar, ou então trocar seu ouro por alguma bugiganga qualquer. E o resultado menos provável foi a banalização do vermelho. Roupas, objetos, tudo que fora colorido com a cor vermelha foi barateado, não tinha mais valor entre a elite senhorial portuguesa e brasileira.
Já o negro, explorado sócioeconomicamente desde seu nascimento, na época colonial, servia apenas para o trabalho duro do canavial. Plantava, colhia, roçava, e, no fim do dia - quando não era obrigado a cumprir serviço no horário noturno também - voltava para a senzala, onde fantasiadamente muitos críticos acreditam que era um lugar no estilo "de volta a sua terra", onde o negro podia ser quem quizesse, ter seus rituais e costumes, na verdade, era um local de intensa disputa pelos melhores restos, um tribalhismo à antiga - já que os negros vinham de diferentes locais, e suas tribos muitas vezes inimigas -, refletindo uma vida um tanto desgastante.
Onde eu quero chegar com isso? bom, nos dias atuais.
O problema mór do brasileiro é não ter ressentimento. Hoje em dia, a exploração bugro-negreira fora totalmente esquecida, discutida somente em aulas didáticas de história, mas o resultado não.
O preconceito instaurado por essa época é visível, mais do que seria esperado, já que a abolição da escravidão foi concretizada, no papel para deixar bem claro.
Cotas, programas e unidades de solidariedade à miscigenação de raças, ONGs e até leis são vistas para tentar amenizar esse processo e ainda há muitas pessoas que reclamam e/ou não cumprem.
As tão polêmicas cotas, que muitas pessoas acreditam ter sido criadas justamente pelo preconceito de que o negro não tem tanta capacidade quanto aos brancos. Leigos. Cotas para negros foram criadas porque o negro sofre preconceito no mercado de trabalho. Entre um negro qualificado e um branco com a mesma qualificação, escolherão o branco, logo, com mais negros na faculdade, mais negros se especializarão e mais negros entrarão para o mercado de trabalho.
Não entenda isso como se eu fosse a favor de cotas, muito pelo contrário, acho que antes de tentar esconder o problema, você deve cortá-lo pela raiz, ou seja, acabando com o tal preconceito. Mas acho válido como solução temporária.
Nos tempos dos primórdios do rock'n'roll a elite branca não escutava músicas feitas por negros (estes que inventaram tal ritmo) e, com o passar do tempo, eles que dominam a maior parte da música hoje em dia.
O que eu quero passar é que, a sociedade tem que pedir desculpa ao negro por tanta atrocidade. Alías, quem seríamos nós sem o samba, a feijoada, o torresmo, a capoeira, as cantigas de roda. Nada. Eles cresceram sem a nossa ajuda, e nós, totalmente dependentes da deles.
Enfim, porque a bandeira branca que significa paz? Termino aqui desejando uma bandeira negra para todos nós.

2 comentários:

  1. mas a questao é que as pessoas tem memória seletiva que seleciona só o que convem pra elas mesmas e sempre vai ser assim, uma pena.

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