segunda-feira, 30 de agosto de 2010

It's time to shine.

"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho. Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré- história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente – é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes..."

A hora da estrela - Clarice Lispector

É um dos melhores livros que eu já li, e me recorda o meu ex-professor de literatura e de atualidades, Cassiano Motta! E eu realmente diria, que se alguém me perguntasse, quem é um dos meus maiores ídolos? Eu diria ele, com todo o orgulho do mundo. Nunca conheci e nunca conhecerei alguém como ele e o meu conhecimento de literatura que eu possuo agora, devo todo a ele.

Enfim, não tinha nada muito bom e feito pra postar e me lembrei disso! Enjoy.

sábado, 28 de agosto de 2010

Namorado:Ter ou não,eis a questão

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar..
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada, quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beiras d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar,, quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar,- quem namora sem brincar,- quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com o ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pensando duzentos quilos de grilos e de medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.


Enlou-cresça.

            Carlos Drummond de Andrade
Ouça: Charlie Brown Jr.-Só os loucos sabem



terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sonhos

Afinal, o que seria de nós sem os sonhos? Taí uma frase para reflexão...

Tem gente que sonha demais e acaba esquecendo do mundo real, tem gente que diz não gostar de sonhar, porque 'é uma perda de tempo'... Cada um é um e pensa de um modo diferente, mas todos sonhamos, seja a noite quando estamos dormindo, ou até mesmo o dia inteiro!
Pra mim, uma das coisas mais importantes é sonhar, isso alimenta minhas vontades, e quem sabe, um dia pode até acontecer. Dizem que tudo o que nós sonhamos se torna realidade um dia.
Tá bom, sonhar muito pode ser prejudicial, mas as vezes é bom sair desse mundo real e ir pra um mundo só nosso, onde só acontecem "coisas boas", coisas que queremos e afins.
Eu não tinha a menor idéia do que postar aqui hoje, fui pesquisando em vários lugares coisas para postar, ai pensei "por que não sonhos?". Entrei em vários sites para pesquisar sobre sonhos e poder escrever melhor aqui, e não é que tem várias coisas interessantes?! Hahaha eu adoro refletir sobre esses tipos de coisa, não me perguntem o por quê.
Enfim, não consigo escrever tão bem quanto as outras meninas daqui, ainda mais hoje, que estou sem criatividade nenhuma, mas eu tento né hahaha..


"Você é do tamanho do seu sonho". (Autor desconhecido)
Nunca deixem seus sonhos morrerem! Beeeeeeeeijo.

trust!


Talismãs, amuletos de todos os tipos, olho de cabra, pé de coelho, figa, ferradura, elefante branco, buda, trevo de 4 folhas, lua, pirâmide, pedras, estrela de seis lados, dente de elefante, olho, pimenta, alho, fitas de santo, patuá, carranca, ímã, e mais infinitos..
Tem quem acredite, tem quem não se arrisque, tem quem ache bobagem. Tem quem faça orações, rituais. Tem quem passe longe. Tem quem não se arrisca. Tem quem faça zombaria. Tem gente de todos os tipos, acreditando ou não.
Eu sou do contra, pra mim o número 13 me dá sorte, o gato preto é o mais bonito e mais companheiro, passar de baixo da escada é ser feliz, quebrar espelho é ser desastrada, pra mim a cor azul é que a me anima, estrelas são estrelas com seis pontas ou com vinte, trevo de quatro folhas é espécie em extinção, a lua é só a lua, e olho de cabra é meio assustador, o pé de coelho é entristecedor, a ferradura é agressividade, o pé de coelho é dó, a pimenta é pra arder, a fita de santo é pra enfeitar, o ímã só se for pra grudar, buda é só buda e alho só na comida, e olhe lá.
Então às vezes eu penso, que não acredito nisso. Que é tudo uma bobagem!
Mas mesmo sem acreditar, só de pensar em um destino pra cada coisinha dessa, eu já sou uma pessoa que acredita. Reluta, mais acredita.
Quiçá eu esteja errada, totalmente errada! Mais quem nunca abriu a revista, um site e procurou sua pedra da sorte, do signo, procurou sobre seu astral semanal, quem nunca leu a sorte de hoje do orkut? USDHFIUDSHIUFHDSFHS
E hoje, eu que me dizia, isso tudo ser bobagem, me peguei pedindo pra fita de santo me proteger, pro meu elefante branco cuidar por onde eu passar, pra achar um trevo de quatro folhas, ter um pé de coelho e um olho de cabra, queria uma pimenta e um alho só por garantia, um buda, nem que fosse de papel, só pra ter garantir.
E então tudo que eu percebi era que a falta de confiança me dominava. Eu queria uma barreira de proteção, para fugir do que acontecia, pra tentar deixar a sorte resolver. Mas, e se eu for a minha própria sorte?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cresci mamãe, cresci ...


Crescer e deixar que o outro cresça ainda é um desafio na sociedade brasileira. A infantilização do brasileiro parece tratar-se de uma droga, começa aos poucos e com pequenas doses, depois, a abstinência toma proporções agigantadas e degenera totalmente o ser. Não querem enxergar que o nosso país está amadurecendo. E rápido. E o que mais se vê são leis protecionistas, possessivas, ditatoriais e um tanto conservacionistas.
No colégio, por exemplo, não há estímulo pra criar conhecimento. Pegam a matéria, estudam por você, mastigam o conteúdo e te entregam para fazer a simples deglutição do "conhecimento". É um tanto contraditório, pois, conhecimento = informação + pensar, mas não podemos pensar, não há tempo, nem auxílio a isso. Mas não digo que seja culpa dos profissionais do ensino, muito pelo contrário, a culpa é inteiramente do monstro que espera-nos ao fim do ano: o vestibular.
Na política. O "Estado Providência" sempre nos dirá o que fazer e nos retirará o fardo de termos que decidir nosso destino. O paternalismo nunca esteve tão em alta como agora. A pouco fora criada uma lei sobre não bater em crianças, nos mostrando qual o jeito certo de educar. Engraçado, pois isso já chega a inferir na nossa própria privacidade moral. Muitos não sabem mas, nos últimos anos, o governo tem se esforçado para ampliar essa doutrina a todos os brasileiros. Censura, restrição à publicidade de doces, proibição à publicidade de mamadeiras, chupetas e bicos para mamar (tenta-se promover a amamentação no seio materno), são algumas das "proteções integrais" que o governo nos acata, sem saber ao mínimo nossa opinião sobre tal.
Na mídia. Hoje, o que mais se vê é uma ditadura da "mãe mídia". Diz-nos o que vestir, o que sentir, o que comer. Ou você acha que a propaganda recentemente instaurada "coma abobrinha porque é bom, saudável, e vitalizante" é feita para realmente expressar tal situação? Na verdade, a abobrinha está em alta produção, e o Estado necessita acabar com isso, veiculando-a através da mídia.
Em casa. Pais superprotetores. Nos levam e nos buscam no colégio, tiram todos os obstáculos à nossa frente e não nos deixam enfrentá-los. Uma forma de amor? não duvido, mas um dia isso não será mais capaz, e quem fará tal papel? a vida será dura para alguém que fora mimado desde a infância.
Essa turma conservadora está caindo de maduro do galho. O próprio Estado, proclamou a independência da Colônia sem a participação do povo. Aqui a sociedade civil foi inventada pelo Estado, como uma sociedade coadjuvante, tutelada e frágil. Hoje, vivemos deitados eternamente em berço esplêndido.
É preciso aprender a tratar afetivamente o outro sem infantilizá-lo. O medo de sentir-se inseguro muitas vezes prevalece. Renunciamos à segurança, ao conforto, às mordomias e ao aconchego da casa dos pais e ai nos deparamos com consequências. É válido lembrar que tais consequências, em sua maioria, serão positivas.
Infelizmente, o Brasil não está preparado para uma revolução. Resolver uma crise de identidade no nosso país não será fácil. Talvez o bom senso indique que precisamos ainda da proteção da mamãe-Estado e do papai-governo. Talvez ainda não estejamos prontos para ser uma nação onde a população tem o direito de escolher e de errar por si. Mas isso precisa mudar, aos poucos mas precisa.
Daqui a pouco, na compra de carne vermelha, todos terão que levar uma cesta de frutas para tornar sua dieta mais saudável. Afinal de contas, precisamos ser protegidos de nós mesmos.
A questão aqui é que, além de tudo, somos tratados como idiotas. Cresci mamãe, cresci...


ABOUT JU

Esse post vai inteiramente dedicado ao salvador dele, o math :( se não fosse por esse caro amigo, nosso belo post teria ido pros ares, junto com a minha paciência de escrever outro (sap: escrevi o negócio e deu erro no ie e fechou tudo :) )
Bom, não preciso nem falar da minha indignação com o São Paulo futebol clube não é? Time desestruturado, não mostra raça, não mostra velocidade, não mostra atuação. Composto só por jogadores de times pequenos e que não aparecem diante do jogo, apenas pra fazer reclamação (vide fernandão). Tudo culpa dessa diretoria de merda. Juvenal Juvêncio, faça um favor à toda nação São Paulina, R E N U N C I E!
Whatever, keep smiling!

música da semana: foo fighters - best of you
livro da semana: toda a coleção de livros da Ágatha Christie

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

OUSE!


...não tenha necessidade de nada!

não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo
para ninguém.

acredite: a vida lhe dará poucos presentes.

se você quer uma vida, aprenda ...
a roubá-la!

ouse, ouse tudo!

seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.

não defenda nenhum princípio,
mas algo de bem mais maravilhoso.


[Lou Salomé]

domingo, 15 de agosto de 2010

viver

e não ter a vergonha de ser
FELIZ;

domingo, 8 de agosto de 2010

Casa grande e Senzala



Espaço senhorial, das artes, da mobília colonial, da estrutura arquiteônica e, possivelmente, da estrutura político-econômica do Brasil atual, a Casa grande, moradia do senhorio no Brasil colonial ia em total discrepância com a Senzala, local de apartação, escravidão, serviçalismo, violência e tribalismo.
Desde a época canavieira, ou até muito antes disso, a elite instaurou um certo preconceito por sobre seus inferiores, tanto índios como escravos negros vindos da África.
Os famosos "escravos vermelhos", "negros do Brasil", "silvícolas ", "selvagens", "bugres", ou melhor, índios, desde a chegada dos portugueses na terra prometida, foram totalmente desrespeitados enquanto homens. Fizeram parte da escravidão vermelha, onde o índio não era vendido, não era comprado, mas era obrigado a trabalhar, ou então trocar seu ouro por alguma bugiganga qualquer. E o resultado menos provável foi a banalização do vermelho. Roupas, objetos, tudo que fora colorido com a cor vermelha foi barateado, não tinha mais valor entre a elite senhorial portuguesa e brasileira.
Já o negro, explorado sócioeconomicamente desde seu nascimento, na época colonial, servia apenas para o trabalho duro do canavial. Plantava, colhia, roçava, e, no fim do dia - quando não era obrigado a cumprir serviço no horário noturno também - voltava para a senzala, onde fantasiadamente muitos críticos acreditam que era um lugar no estilo "de volta a sua terra", onde o negro podia ser quem quizesse, ter seus rituais e costumes, na verdade, era um local de intensa disputa pelos melhores restos, um tribalhismo à antiga - já que os negros vinham de diferentes locais, e suas tribos muitas vezes inimigas -, refletindo uma vida um tanto desgastante.
Onde eu quero chegar com isso? bom, nos dias atuais.
O problema mór do brasileiro é não ter ressentimento. Hoje em dia, a exploração bugro-negreira fora totalmente esquecida, discutida somente em aulas didáticas de história, mas o resultado não.
O preconceito instaurado por essa época é visível, mais do que seria esperado, já que a abolição da escravidão foi concretizada, no papel para deixar bem claro.
Cotas, programas e unidades de solidariedade à miscigenação de raças, ONGs e até leis são vistas para tentar amenizar esse processo e ainda há muitas pessoas que reclamam e/ou não cumprem.
As tão polêmicas cotas, que muitas pessoas acreditam ter sido criadas justamente pelo preconceito de que o negro não tem tanta capacidade quanto aos brancos. Leigos. Cotas para negros foram criadas porque o negro sofre preconceito no mercado de trabalho. Entre um negro qualificado e um branco com a mesma qualificação, escolherão o branco, logo, com mais negros na faculdade, mais negros se especializarão e mais negros entrarão para o mercado de trabalho.
Não entenda isso como se eu fosse a favor de cotas, muito pelo contrário, acho que antes de tentar esconder o problema, você deve cortá-lo pela raiz, ou seja, acabando com o tal preconceito. Mas acho válido como solução temporária.
Nos tempos dos primórdios do rock'n'roll a elite branca não escutava músicas feitas por negros (estes que inventaram tal ritmo) e, com o passar do tempo, eles que dominam a maior parte da música hoje em dia.
O que eu quero passar é que, a sociedade tem que pedir desculpa ao negro por tanta atrocidade. Alías, quem seríamos nós sem o samba, a feijoada, o torresmo, a capoeira, as cantigas de roda. Nada. Eles cresceram sem a nossa ajuda, e nós, totalmente dependentes da deles.
Enfim, porque a bandeira branca que significa paz? Termino aqui desejando uma bandeira negra para todos nós.